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Corpo e Mente / Emoção e Energia

Os 21 Preceitos de Conduta


Sua conduta é a demonstração mais real de sua vida espiritual. As atividades do corpo, fala (energia) e mente, cada  uma demonstra a sabedoria e a compaixão que você até então realizou. Portanto a conduta é a medida final para determinar exatamente em que estagio do caminho você se encontra. Mas a conduta também é uma excelente prática de integração. Por continuar em atenção-consciente através do uso da  “segunda atenção” você é capaz de conscientemente escolher como agirá de momento em momento. E por escolher a conduta congruente com os 21 preceitos você estará sempre engajado em práticas de integração, assim criando liberdade kármica para si.

Cada escolha que é feita no sentido de agir pela linha dos preceitos vai diminuir seu fardo kármico e uma vez que sua vida se tornou uma expressão dos 21 preceitos de conduta, você estará em seu caminho para a total liberdade kármica. Os preceitos não são regras rígidas ou mandamentos de um ser supremo. São diretrizes cujo objetivo é desenvolver discriminação e conduta esclarecida. Isso deve ser interpretado a cada novo momento. Seu entendimento e apreciação dos preceitos se aprofundará com o passar dos anos. Em cada nova fase de sua jornada eles tomarão um novo significado e utilidade.

Os preceitos são na verdade virtudes. Virtudes são o que você irá irradiar como sua expressão no mundo após o seu processo de formação de auto-imagem ser substituído pela experiência ininterrupta de presença natural. Todos os seres humanos compartilham as virtudes, os raios da iluminação. Ao explorar, contemplar e aplicar os 21 preceitos de conduta você está se engajando diretamente em atividades iluminadas.

Toda sua conduta deve ser nutrida pelos 21 preceitos, mas você deve fazer um esforço extra para aplicar os preceitos em integração com seus irmãos e irmãs de kula, porque um kula deve ser um modelo de uma sociedade iluminada. Se todos no kula estiverem fazendo o seu melhor para expressar os preceitos em um nível elevado, o kula se torna uma prática e um recurso do Dharma por si mesmo, no qual os membros podem se basear para inspirarem-se e alimentarem-se espiritualmente. E a conduta iluminada é uma forma maravilhosa de se compartilhar os efeitos positivos de seu caminho com a sociedade na qual você vive.

É útil desenvolver o hábito de fazer uma revisão nortuna de quão bem você conduziu o seu dia sob a luz dos preceitos. Reconheça aqueles preceitos que você pôde manter naquele dia e aqueles nos quais você não pôde se apoiar tão bem e se recomprometa em manter uma atenção-consciente mais forte dos preceitos de conduta no dia seguinte.

Cada um desses preceitos, quando explorados em sua aplicação e contemplação, concede a experiência em que os seres humanos são capazes de expressar suas várias capacidades inatas. Nós entendemos que estamos compartilhando uma experiência humana profundamente fundamental quando nos conectamos com essas capacidades (virtudes) do Dharmakshetra – o “campo do Dharma” que é a nossa vida e ambiente como expressados através de nossas atividades do corpo, da fala e da mente, em outras palavras, nossa conduta. Através do treinamento nos preceitos, podemos reconhecer nossa situação real – que nós estamos imersos no Dharmakshetra.

1. O preceito da visão Dhármica: Mantenha a visão Dhármica como sua amiga. Refugie-se em seu entendimento e na implementação da Visão. Assim como você pode sentir a compania de um amigo, sinta sua imersão no Dharmakshetra.

2. O preceito da saúde: Cultive saúde. A fundação de toda prática de Sanidade Basica é sua rotina diária (dinacharya). Seu ritmo e apropriação ao tempo e ao ambiente produzem harmonia entre nós e a Natureza.

3. O preceito da atenção-consciente da energia: Seja intimo com o seu estado energético. Desenvolva sensibilidade à visão inerente de sua energia. Escute pelos seus apetites verdadeiros.

4. O preceito da fala correta: Vigie sua fala.

a. Fale menos. Avalie a necessidade para a fala.

b. Fale de forma benéfica, doce, educada e verdadeira sempre que possível.

c. Não fale sobre pessoas que não estão presentes, exceto para louvá-los. Não pense ou especule sobre os outros.

d. Fale sobriamente. Não exagere ou minta, não fale de forma fortemente emocional ou utilize uma fala exclamatória. Guarde-se contra fala entusiasmada e inspirada já que isso geralmente leva à:

i. esgotamento energético

ii. perda de racionalidade

iii. super-comprometimento (quebrar sua palavra até que não signifique mais nada)

iv. perda de atenção-consciente e segunda atenção  

v. fantasia

e. Não fale sobre suas experiências espirituais ou sobre o seu sadhana (prática espiritual) com ninguém além de seu professor (ou kula – mas apenas no contexto de um ambiente de aprendizado – por exemplo, um grupo de estudos). Não conceitualize  experiências espirituais.

f. Evite a fala especulativa.

g. Não se comprometa verbalmente sem um julgamento honesto acerca de sua habilidade de seguir o que disse.

h. Nunca fale negativamente sobre o Guru (qualquer Guru), sobre o caminho, sobre os outros, sobre si mesmo e sobre o kula.

i. Não procure por falhas ou preceitos quebrados dos outros. Mas, de forma bondosa e ábil, faça com que irmãos e irmãs de kula conscientizem-se dos lapsos em manter os preceitos como um ato de serviço compassivo, mas não como uma figura autoritária.

j. Peca por ensinamentos e guia em sadhana de forma responsável, sincera e comprometida. Siga os “Sete Preceitos do Pedido Responsável:”

i. Decida precisamente o que quer.

ii. Tenha certeza de que é capaz de receber a resposta/prática/ensinamento/etc.

iii. Perceba quem tem o que você quer (e se eles podem dar isso a você).

iv. Determine se está pronto para dar o que é desconhecido para você no momento do pedido.

v. Peça especificamente pelo que quer. Ofereça a quem o dá o que espera/quer de você. Faça o que lhe é solicitado.

vi. Receba a dádiva solicitada.

vii. Se não receber o que pediu, perceba em que passo falhou, corrija-se e peça novamente.

5. O preceito do esforço natural: Use o mínimo necessário de força, vontade e concentração em cada situação para cumprir o que é necessário.

6. O preceito da discrição: Não seja muito aberto. Saiba a diferença entre o que compartilha e é benéfico, engrandecedor e radiante – e o que é engrandecido através da privacidade. A discrição acumula energia. É possível errar ao ser muito aberto em alguns assuntos. Não atraia atenção para sua vida espiritual. Muitos grandes mestres não revelaram que eram praticantes até o momento de sua morte. Seja discreto em suas ações meritórias assim como também nas não-meritórias (sem confissões para limpar culpa ou vergonha.) Você não precisa ser um livro aberto para estar cultivando o Dharma. Não discuta relações íntimas com os outros. Cultive uma pratica/vida espiritual que seja discreta.

7. O preceito da dignidade essencial: “Vajra Pride”: sua natureza essencial é dignificada e relaxada no poder de seu próprio auto-conhecimento. Quando um ser reconhece sua própria natureza, ele mostra uma certa conduta de confiança e certeza que não tem auto-referencia egóica.  É a antítese da auto-obsessão, auto-negligenciamento e auto-aversão que são baseados na ignorância de sua natureza verdadeira. A imersão na natureza indestrutível de nossa essência se expressa como uma atitude relaxa porém dignificada e uma presença autêntica.

8.  O preceito de evitar prejudicar seres: A Não-violência está enraizada na não-separação. Cultive um senso de conexão com todos os seres, o que não permite o emergir de quaisquer intenções perniciosas. Matar não é fazer mal. Assassinar é matar com uma intenção perniciosa.

9. O preceito da honestidade: Seja honesto. Não exagere ou forje (fatos da vida, realizações espirituais, conhecimento, etc). Não roube. Não tenha segundas intenções. Não coaja ou manipule para servir sua causa ou qualquer outra causa. Evite a duplicidade. Não seja hipócrita.

10. O preceito da simplicidade: Evite a elaboração e a complexidade (o que traz sofrimento e confusão). Seja simples e franco.

11. O preceito da humildade: Vigie-se contra a arrogância (insegurança), orgulho (realização inferior) e a falsa humildade (manipulação/sedução). A humildade e a modéstia são a expressão da “entrega”. Não se apegue à visões do eu – isso é orgulho. Não se identifique com sua performance no trabalho, nem com seu fruto.

12. O preceito da equanimidade: Cultive uma expectativa na irregularidade da vida. Não seja tão duro nem tão frouxo. Tranqüilidade na ação, ação na tranqulidade. Olhe para um torrão de terra, um bocado de ouro, uma pessoa bonita e um cadáver apodrecendo com a mesma visão. O amor (Advaitabhavana) não é para favorecer – isso é equanimidade.

13. O preceito do desapego: Vivencie a saciedade do desejo sem produzir um padrão de repetição. Esteja com o que é – ao invés de estar com o que poderia ou deveria acontecer. Siga em frente e deixe ser. Não se apegue a histórias teatrais ou emoções, desejos que surgem ou expectativas. Não queira o que você não tem.

14. O preceito da sobriedade: Não gere ou siga a fantasia. Cultive Sanidade Básica. Não participe voluntariamente de atos de intoxicação. Não siga os sentidos de forma inconsciente.

15. O preceito da bondade e da generosidade: Nós nunca sabemos a crueldade que foi vivida por alguém – aja com bondade. A generosidade há de estar em ressonância com a natureza. Ela sempre dá apoio, é gentil, nos nutre e ela é você. A bondade e a generosidade não dependem das circunstancias.

16. O preceito da lembrança da morte: Nada é estático. Todas as pessoas, objetos e situações estão sempre se dissolvendo apesar de parecerem ser estáveis ou estar crescendo/evoluindo. Nossa própria morte pode nos surpreender se nos esquecermos que nós morremos. Lembrar-se da morte te ajuda a viver cada momento na completude do amor e da sabedoria. O que você quer escrito em seu epitáfio?

17. O preceito da abertura: Seja adaptável, seja flexível. Deixe a atitude defensiva e a pose. Largue as barreiras como uma forma de te manter seguro dos desejos, das necessidades e do criticismo dos outros e reinvoque suas barreiras como lugares para encontrar e compartilhar a generosidade em todas as suas formas. Tenha uma mente-coração macia e hospitaleira.

18. O preceito do contentamento: Reconheça a plenitude e a completude essenciais. Se você sabe que nada está faltando, a virtude de santosha ou contentamento emerge. A essência está sempre completa – as situações têm altos e baixos. O contentamento repousa na realização da completude inteireza inata de sua essência.

19. O preceito da gratidão: Não tome nada por garantido. Veja e vivencie o frescor de cada momento. A gratidão pelo que é recebido é demonstrada pela ação impecável. Cultive um senso de surpresa e maravilhamento ao considerar o mundo das aparências. Cultive a gratidão pela oportunidade que a vida representa.

20. O preceito da liberdade: Descubra a liberdade inerente usando a disciplina e a visão para dissolver a compulsão que tem origem na visão errônea. Depois de praticar a coibição repetidamente, a liberdade da espontaneidade se dará naturalmente. Deixe visões faltas e infantis de uma liberdade sem disciplina. A liberdade de sua natureza essencial é tanto livre para fazer – como para não fazer. Quando a compulsão, a preferência e qualquer outra forma de condicionamento não aparecem mais como filtros de sua situação atual – você está livre.

21. O preceito da lealdade: A Lealdade é a completa dedicação a algo ou alguém sem avaliar se são merecedores dela . A lealdade não é modificada pela variação das circunstancias. A leadade não-preferencial é um aspecto do viver iluminado e do amor incondicional.

Sobre a autora

Em meio à suas próprias auto descobertas e curas, Nataly se dedica a ajudar as pessoas a se encontrarem também. Master adepta do viver devagar (slow living), do fluir natural (easy flow), do minimalismo e do amor intenso pela natureza.

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