O que é ansiedade? Por que ficamos ansiosos?
A cerca de 2 meses atrás eu fiz um post no Instagram que falava sobre as emoções: “Você sabe o que são as emoções?” E eu coloquei o seguinte:
As emoções são mudanças bioquímicas e de energia experimentadas em resposta a estímulos momentarios ou crônicos: condicionados ou espontâneos, internos ou externos. As emoções podem ativar os neuropeptídeos e assim os genes que carregam doenças ou os genes da longevidade. Quando experimentamos uma emoção condicionada, especialmente em excesso, a imunidade abaixa, a energia diminui, a produtividade cai, diminui a longevidade, etc. Por isso é tão importante aprender a viver as emoções como nuvens que passam. Quando as emoções são não condicionadas, elas são Vitalidade, Paixão e Virtude. ~ Dharma Bodhi
A ansiedade é uma emoção. Ou seja, é uma reação bioquímica produzida, experimentada, sentida na mente e no corpo. De forma simples, os neuropeptídios, que são proteínas usadas para comunicação entre neurônios, são ativados pelas emoções (e vice e versa) causando as mudanças bioquímicas no cérebro e outras partes do corpo. Como foi colocado por Candace Pert, PhD:
Meu argumento é que as três áreas clássicas da neurociência, endocrinologia e imunologia, com seus vários órgãos – o cérebro (que é o órgão-chave que os neurocientistas estudam), as glândulas e o sistema imunológico (consistindo o baço, o osso, a medula óssea, os gânglios linfáticos e, claro, as células que circulam por todo o corpo) – que essas três áreas estão realmente unidas entre si em uma rede bidirecional de comunicação e que as informações “carregadoras” são os neuropeptídeos.
De repente você pode pensar “Caramba! Mas vim aqui procurando o alternativo, o integrativo, o holístico… não quero saber dessa medicina alopática”. Saiba que o ancestral e o moderno podem muito bem caminhar juntos um complementando o outro. De fato é realmente incrível que por meio de muita pesquisa e tecnologia podemos concluir de formas diferentes o que foi passado por grandes yogis e outros mestres até os dias de hoje através das linhagens que não foram quebradas.
No livro “A Biologia da Crença” Bruce Limpton irá mostrar através da ciência moderna como nossa mente cria a nossa realidade, confirmando o que foi colocado acima com a citação do Dharma Bodhi, as ativações dos neuropeptídios são como interruptores, que ligam ou desligam as manifestações genéticas. Então pergunto, um bombardeio de emoções negativas irão carregar quais sinais para o corpo?
Nessa mesma citação ele usa o seguinte termo “emoções condicionadas”. E esse ponto é importantíssimo de entender para que se possa trabalhar as emoções negativas no ponto de vista das práticas do Mahasiddha Yoga.
A emoção é algo que acontece em seu corpo. Ela não é um pensamento que está em seu corpo. Elas são alterações físicas, químicas, neurológicas e hormonais no corpo. O que pode acontecer por exemplo é as pessoas não saberem que estão sentindo uma emoção e acabam reprimindo. Você tem neuropeptídeos – um grupo de aminoácidos que formam uma proteína. São como balas que acertam o neurológico, causando alterações na fisiologia do corpo (função do corpo), substâncias químicas reais são liberadas, atingem seus tecidos, e quando atingem seus tecidos, você passa a saber que as emoções estão surgindo até a manifestação completa. Você sente porque está em seu corpo, cada emoção em sua fisiologia, e ações diferentes são causadas em seu corpo, algumas aumentam a frequência cardíaca ou diminuem, etc. São muitas reações e precisamos aprender a parar o processo. Emoções são reais, elas não estão na mente, mas cada uma tem um pensamento e todo pensamento tem uma emoção. São dois lados de uma mesma moeda. É preciso captar a emoção antes que ela se manifeste. É necessário mais consciência e sensibilidade para sentir antes que ela surja. Como é possível parar a emoção que já está no ciclo emoção – pensamento, pensamento – emoção? ~Dharma Bodhi
As emoções são condicionadas. Elas acontecem a tanto tempo que você já não sabe mais identificar o que as desencadeou, muitas vezes sabe-se apenas que você é ansioso ou ansiosa. E na verdade, por mais difícil que seja de aceitar, não há causa – de acordo com a filosofia não dual a qual o yoga que sigo, estudo e pratico. Por que ficamos ansiosos? Por que sentimos ansiedade? Não há uma causa.
Isso é difícil de aceitar porque somos apegados às histórias, nós temos a tendência de não assumir responsabilidade completa por aquilo que acontece com a gente, afinal é fácil dizer que foi culpa da criação dos pais né? Ou qualquer outra história, e olha que são centenas de milhares de combinações infinitas no mundo da “historialandia”.
Uma das formas de se desapegar das histórias é se manter no momento presente e não dar ouvidos à elas quando vierem todas de formas bem criativas.
Portanto, iniciar práticas de yoga e meditação com a orientação certa e o entendimento correto para esse objetivo fará com que você tenha muito mais benefícios na sua prática.
Dito isso, seguem então 3 práticas super simples, para que você comece já a ancorar-se no momento presente, o grandessíssimo antídoto da ansiedade.
1. A Respiração do Kumbha Duplo
Para iniciar, o melhor e mais exercício é esse de respiração, onde você vai reaprender a respirar corretamente. Isto por si só já consegue combater a ansiedade razoavelmente.
Nos termos do yoga, chamamos de Respiração do Kumbha Duplo. Kumbha significa pote, então seria a respiração dos dois potes. Por pote nós podemos imaginar a região abdominal e a região torácica.
Com o corre corre do dia a dia nós nos esquecemos de usar toda a potencialidade do nosso corpo ao respirar, levando o ar apenas para a região torácica. Isso faz com que a nossa respiração seja muito curta, rápida e ofegante.
Costumo contar uma fábula indiana que diz que nós já nascemos com um número certo de respirações que daremos nessa vida. Você pode prolongar o tempo da respiração para longevidade e encurtar essa respiração, o que gastará a sua vida mais rápido e morrerá antes.
Essa fábula é ótima para nos lembrar a importância da respiração.
Como fazer o exercício então?
Nós podemos dividir esse exercício em três partes:
- Deite-se no chão e relaxe. Esvazie completamente o pulmão. Ao inspirar busque levar todo o ar possível apenas para o abdômen. Lembre-se de esvaziar completamente e preenche-lo de ar também completamente. Repita pelo menos 10 vezes
- Agora acrescente a parte torácica. Esvazie completamente todo o pulmão, em seguida preencha abdômen e depois o tórax. Imagine um copo em que você coloca água. A parte inferior é preenchida primeiro e depois a parte superior. Após preencher o máximo possível, libere o ar começando pelo tórax e depois o abdômen. Imagine novamente o copo. Agora você está esvaziando-o. Mantenha o foco e busque fazer o exercício perfeitamente.
- Nessa última parte você irá acrescentar um movimento e a intenção é sincronizar com a respiração. Ao começar a inspirar você elevará os braços levando-os para atrás da cabeça permanecendo-os retos. Ao tocar o chão você retorna o movimento à posição inicial junto com o expirar. Finalize o ciclo completo da respiração no exato momento em que finaliza o movimento.
2. Meditação de Centramento
Já compartilhei a prática de centramento no post “Como Meditar pela Primeira Vez?”. É um exercício simples e muito poderoso para nos trazer ao momento presente e nos conectar com a base. É uma ferramenta em que a todo momento que uma nuvem de pensamento vem, você volta às instruções, você volta para o seu corpo, para as suas sensações e para a presença da energia viva. Você usa a respiração para aumentar essas sensações e se conecta com o mundo exterior através dos sons.
A importância dessa ponte com os sons exteriores é que você ao mesmo tempo que está em plena atenção consciente do interior você também está do exterior sem quebrar essa atenção e ser levado por estímulos através dos sentidos.
Para fazer a prática basta seguir as seguintes instruções:
- Você pode se sentar de forma confortável no chão de pernas cruzadas, ou sentado em uma cadeira com os pés no chão e as costas ereta apoiando-a.
- Feche os olhos.
- Relaxe todas as tensões do corpo e mantenha a postura.
- Torne-se consciente da forma do seu corpo. Sinta o corpo no espaço.
- Perceba a presença da energia de vida através de sensações como frio/quente, úmido/seco, leve/pesado. Relaxe e seja essa energia.
- Integre a forma do corpo e as sensações da presença da energia de vida com a respiração. Observe sua respiração natural sem controlá-la.
- Integre agora os 3 pontos acima com os sons ao redor percebendo o mundo externo através da audição. Escute, sem julgar, sem se desconectar da consciência corporal, das sensações da sua energia e da sua respiração.
- Mantenha-se centrada e deixe todos os pensamentos se dissolverem durante o processo.
- Para cada etapa do 4 ao 7 permaneça o tempo que achar necessário, de acordo com o tempo total a que você se dispôs a fazer a prática.
Recomendações finais
Observe a sua realidade e escolha u número de dias por semana para fazer essas duas práticas. Quanto mais dias, melhor, porém se você perceber que não manterá o compromisso, fique na quantidade de dias que você tem certeza que você cumprirá.
Assim que escolher quantos dias, escolha quantas vezes por semana você irá praticá-los. A regra é a mesma de quando escolheu a quantidade de dias. Saiba que essas duas práticas podem levar de 10 a 20 minutos dependendo do tempo que você gostaria de permanecer nelas. escolha o compromisso que você sabe que você irá cumprir.
Qualidade é mais importante do que quantidade assim como manter o compromisso.
Pratique por pelo menos 3 meses seguindo suas escolhas e você estará caminhando para uma vida mais tranquila. Não será da noite pro dia, fato. Porém nada é alcançado sem os pequenos passos de todos os dias.
Curtiu? Compartilha comigo nos comentários 🙂 Grande beijo e até o próximo post!
1 Comentário
Como a rotina e a disciplina me ajudam a controlar a ansiedade - Nataly Caldas
28 de abril de 2019 at 22:51[…] post Emoção, Ansiedade e 2 Práticas para se manter Presente eu trato um pouco do assunto e também apresento 2 práticas, uma de respiração e uma de […]